Om Shanti Om

Eu estava morrendo de sono, mas consegui assistir ao filme todo quase sem pescar… Om Shanti Om é um sucesso pop no cinema indiano. A história é simples como as coisas costumam ser na cultura pop, e o lado bom é que sobra tempo para as músicas coreografadas.

Bem, daqui por diante eu vou revelar detalhes da trama. Portanto, prossiga por sua conta e risco 🙂

Om é um artista de segunda categoria, e o sonho dele é virar um super mega pop star de Bollywood. Ele é apaixonado pela super mega pop star Shanti, também de Bollywood. O filme é caricato. Nele os super artistas são retratados demonstrando desprezo pelos demais, quase sempre com uma atitude arrogante e barata. Shanti é morta pelo seu amante, um produtor de Bollywood, e Om morre ao tentar salvá-la. Reencarna em uma criança que nasce no momento de sua morte no mesmo hospital. Resumindo muito: Om vinga o antagonista depois de crescido na segunda encarnação e ainda fica com a mocinha do filme: a reencarnação de Shanti. Ah, e Om vira um super mega star de Bollywood!

As castas foram proibidas na Índia. Ghandi fez uma campanha danada contra e hoje é proibido. Mas vendo um filme destes dá para ver como o repertório cultural na Índia ainda é propício ao subdesenvolvimento. O cidadão aceita sua situação social, e material, esperando uma perspectiva melhor em outra vida! Isso é de uma crueldade absurda, pois o pobre aceita sua condição de subordinação ao poder econômico do rico que por sua vez se vê igualmente justificado.

Outro ponto negativo que eu costumo ver nas novelas e filmes brasileiros populares: o sucesso nunca é encarado como fruto de um trabalho árduo. Om quer ser ator por que seu pai era ator e sua mais é atriz, e não por um motivo pessoal, como gosto pelo cinema. Ele também não mostra empenho em melhorar sua atuação profissional. Não existe um plano para se tornar ultra mega ator. Ele simplesmente quer muito, e sua mãe diz que tem certeza que um dia ele será um mega ator…

Se o cidadão médio da Índia e do Brasil pensam assim, e na minha opinião uma grande parcela pensa, então não tem porque se empenhar no estudo e no trabalho. Esse é um dos mais importantes componentes de uma economia subdesenvolvida.